É um distrito situado na região central da cidade brasileira de São Paulo, a leste do chamado centro histórico da capital paulista. Apesar de sua posição geográfica, pertence à Região Administrativa Sudeste, visto que o bairro integra a subprefeitura da Mooca.
Atualmente, trata-se de uma região muito conhecida no Brasil pelo comércio de roupas, especialmente nas imediações do Largo da Concórdia e da rua Oriente. Em sua área, possui também um grande número de galpões e plantas industriais desativadas.
O distrito é atendido pela Linha 3 (Vermelha) do Metrô de São Paulo e pelas linhas 10, 11 e 12 da CPTM.
O nome Brás, teve origem do proprietário das terras onde se formou, que se chamava José Brás, que se tornou um benemérito.
O Bairro Brás desenvolveu-se em torno da igreja de Bom Jesus do Brás, e era, até o início do século XX, dividido em dois bairros distintos: Brás (mais próximo ao que hoje é o centro de São Paulo), e Marco (abreviatura de Marco de Meia Légua), que ficava na região onde hoje existe a estação Bresser-Mooca do metrô.
Tornou-se no início do século XX uma referência de bairro da comunidade italiana (comemoração das festas de Nossa Senhora de Casaluce e São Vito), e da comunidade grega (com a Igreja Ortodoxa Grega), comunidade armênia, com forte presença de indústrias (especialmente próximo às ferrovias) e madeireiras (região da rua do Gasômetro).
Com o tempo essas características foram-se modificando, com o aumento do contingente de nordestinos na região próxima ao Largo da Concórdia, ponto em que operava a estação terminal da Estrada de Ferro Central do Brasil.
Atualmente é um distrito essencialmente voltado à indústria e ao comércio de confecções, com forte presença de elementos das comunidades coreana e boliviana. A presença de um comércio de características populares também é grande, especialmente nas avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, por serem tradicionais vias de passagem de moradores da zona Leste que trabalham no centro da cidade.
O bairro do Brás, que caracteristicamente é identificado como reduto de italianos e nordestinos, tem hoje uma população muito diversificada.
Bolivianos, peruanos, paraguaios e muçulmanos, árabes e não árabes, vivem hoje no bairro, e estima-se que a comunidade muçulmana em São Paulo seja de um milhão de pessoas, sendo que no Brás trabalham e moram milhares deles.
No ano de 1886, mais de 12.000 imigrantes já estavam na cidade, mas a quantidade de asiáticos e árabes ainda era muito pequena para que fosse feito algum censo sobre eles. Em 1955 havia 7.089 mil libaneses; os sírios totalizavam 4.445 pessoas; os palestinos somavam 1.131 indivíduos; os turcos 948, e os iraquianos constavam com 51 imigrantes.
Mesmo com essa mudança na paisagem e no perfil dos imigrantes do Brás, muitas pessoas ainda vêem o bairro como moradia de italianos e nordestinos, mas ao andar por suas ruas, que são conhecidas no país inteiro pelo intenso comércio de roupas, percebemos diversas características desses imigrantes. Segundo a associação dos lojistas do bairro, a ALOBRAS, 95% das lojas de jeans são de comerciantes de origem árabe.
Os muçulmanos sempre estiveram fortemente ligados ao comércio, e no Brás eles estabeleceram uma relação onde os comerciantes mais antigos ajudam os iniciantes até esses se adaptarem à língua local e a todo o processo que envolve a mercadoria, o que explica também o número cada vez maior de árabes na região.
Sejam as mesquitas como a Mesquita do Brás, localizada na Rua Elisa Whitaker, n. 17; a Mesquita da Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil, na Rua Barão de Ladário, n. 922; ou a enorme Mesquita Brasil, na Avenida do Estado, n. 5.382, que são templos de oração existentes na região e tão importantes para os seguidores do islamismo; os restaurantes árabes, onde as vezes é difícil a comunicação em português, e alguns deles especializados em carne Halal, aquela que só pode ser abatida por um muçulmano que segue alguns rituais religiosos ao matar o animal; lojas que vendem roupas, narguiles, lenços, livros e especiarias árabes; e muitas mulheres andando com véus cobrindo o cabelo com certeza são traços marcantes que percebemos na paisagem do bairro.
Nas mesquitas, os muçulmanos, estrangeiros ou brasileiros convertidos, tem além do espaço para as orações, um ambiente onde podem se reunir e se sentir mais próximos da cultura de seus países de origem, preservando muitas de suas tradições e costumes. Mas é importante lembrar que o islã no Brasil nunca seria exatamente como o islã do Líbano, do Paquistão, do Marrocos, da Síria, do Iraque ou de nenhum dos países de origem desses imigrantes.
A identidade religiosa desse grupo aqui formado adquire características brasileiras que, com certeza, acrescentam diferenças, além do fato de ser um país predominantemente católico. Os muçulmanos têm de lidar com o desconhecimento que grande parte da população tem em relação à religião, e com o preconceito de muitos que ainda os vêem como um grupo homogêneo, onde a maioria é terrorista, radical e impõe o alcorão a todos.
Ao conversar com os muçulmanos no Brás, vemos que realmente muitos deles têm o desejo e a intenção de converter os não seguidores ao islamismo, mas não como uma imposição ou com arrogância, e mais como uma característica própria do islamismo. As mesquitas citadas anteriormente oferecem aulas de árabe, aulas de religião islâmica, artesanato e outros cursos, tanto para muçulmanos quanto para pessoas simplesmente interessadas em conhecer melhor a religião, o que mostra a vontade de integração deles com pessoas de todas as origens e talvez até a intenção de que, quem sabe, as pessoas conhecendo-os melhor, acabem com o preconceito e com a estereotipação que ainda sofrem, mesmo num país tão diversificado e multicultural como o Brasil.
Cine Oberdan no Brás - 1930 & 2010
(foto atual do antigo ine Overdan) |
O Cine Oberdan no Brás foi Inaugurado em 1927 e era uma sala elegantíssima, luxuosa e estava entre os cinemas mais modernos em sua época. Decorado com grandes estátuas, teto ricamente ornamentado com azulejos portugueses e com uma cúpula que se assemelhava a do Teatro Municipal, era uma sala que vivia lotada tanto em seus horários noturnos como em suas concorridas matinês. |
Para ir ao banheiro, um garoto que assistia à matinê cansou de esperar o lanterninha e colocou fogo em um pedaço de papel. Uma pessoa que assistia ao filme viu a chama e pensou que se tratava de um incêndio, e gritou “fogo!”.
Imediatamente começou uma correria desesperada que provocou todas essas mortes, a maioria por pisoteamento. A tragédia abalou mas não fechou o cinema que prosseguiu funcionando mais algumas décadas. Após um período fechado, o imóvel foi adquirido pela loja Zelo que mantém o imóvel intacto em sua arquitetura externa até os dias de hoje |
(foto antiga do Cine Oberdan) |
Curiosidades:
- De 1870 a 1920, o Brasil recebeu cerca de 1,5 milhão de imigrantes italianos. Só para o Estado de São Paulo vieram 965 mil, ou seja, quase 70% do total.
- De acordo com dados da biblioteca do Memorial do Imigrante, de 1880 a 1889 o Estado de São Paulo recebeu 144.654 italianos. Só em 1888 vieram para o Estado 91.826 imigrantes, destes, 80.749 italianos.
- Em 1889 já se falava em excesso de imigrantes no País.
- Em 1890, a cidade de São Paulo registrou a chegada de aproximadamente 64 mil imigrantes da Itália.
- Durante a Segunda guerra (1939 a 1945) o governo italiano suspendeu a imigração subsidiada.
- No início do século, circulavam em São Paulo quatro jornais em italiano.
- Acredita-se que houve um tempo em que o idioma mais falado em São Paulo era o italiano.
- Estima-se que ainda hoje São Paulo possua a terceira maior colônia italiana, depois de Nova York e Buenos Aires.
- Dados de 2000 da Embaixada da Itália apontam a presença de 25 milhões italianos e descendentes no Brasil.
- O Estado de São Paulo abriga hoje 6 milhões italianos e descendentes, segundo estimativa do Consulado Italiano.
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